quinta-feira, 16 de junho de 2022

O infante

 

O Infante

 

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.

Deus quis que a terra fosse toda uma,

Que o mar unisse, já não separasse.

Sagrou-te, e foste desvendando a espuma.

 

E a orla branca foi de ilha em continente,

Clareou, correndo, até ao fim do mundo,

E viu-se a terra inteira, de repente,

Surgir, redonda, do azul profundo.

 

Quem te sagrou criou-te português.

Do mar e nós em ti nos deu sinal.

Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.

Senhor, falta cumprir-se Portugal!

 

 Mensagem, Fernando Pessoa

 

 

No cenário apocalíptico do adormecimento da cidade “Naked city”, vem ao resgate uma nova proposta de visão sobre a cidade lisboeta que nos leva a tomar diferentes percursos levando-nos a olhar para a cidade com um ar mais positivo. Em tempos passados, Portugal foi um dos países mais importantes do mundo, principalmente na época dos descobrimentos. Contudo, a gestão da riqueza vinda das colónias não foi a melhor e o nosso grande país, especialmente a cidade de Lisboa, caiu em ruína. Já Fernando Pessoa se questionava sobre o que tinha acontecido a este povo em tempos tão glorioso.

 

Estando Lisboa adormecida dos feitos e das conquistas do passado, o meu percurso irá devolver a glória à cidade. Assumindo a forma de uma caravela portuguesa, este caminho destaca-se em catorze pontos fulcrais para acordar a cidade.

 

 

1. Cais do Sodré

            Iniciando o meu percurso no meio do movimento e do caos, o Cais do Sodré é o ponto de partida ideal para o despertar da cidade.

 

2. Cais das Colunas

            Depois de começar o percurso, o primeiro local que se destaca é o Cais das Colunas.  Este local é obviamente famoso pelas suas duas colunas instaladas nos degraus de mármore. Em tempos passados este velho cais foi a entrada mais nobre da cidade e onde desembarcavam as maiores figuras que visitavam a capital.

 

3. Avenida Ribeira das Naus

Dando continuação ao ponto anterior, a avenida Ribeira das Naus revela-se uma autêntica janela do rio Tejo. Ao observar as calmas ondas deste rio, é inevitável a lembrança de todas as naus que já aqui passaram, remetendo uma vez mais para a época dos descobrimentos.

 

4. Arco da Rua Augusta – Terreiro do Paço       

De seguida, fui levado ao Arco Triunfal da Rua Augusta no Terreiro do Paço. Este arco simboliza a força de Lisboa renascida após a “fúria da terra, do fogo e do mar” do terramoto de 1755. No seu topo, é possível observar magníficas esculturas de Célestin Anatole Calmels. À esquerda encontramos o Marquês de Pombal, os seguintes são o Vasco da Gama, Viriato e, mais à direita, o Nuno Álvares Pereira – figuras revolucionárias da história portuguesa.

 

5. Sé de Lisboa

            Após as paragens marítimas do meu percurso, vem a Sé de Lisboa. A sua construção teve início na segunda metade do século XII, após a conquista da cidade aos Mouros por D. Afonso Henriques, apresenta-se hoje como uma mistura de estilos arquitetónicos.  Sendo este um dos pontos religiosos do meu caminho, é clara a presença da religião na glória da cidade e do país. 

           

6. Museu do Dinheiro

            Em continuação está o Museu do Dinheiro. Inaugurado em abril de 2016, localiza-se na antiga igreja de S. Julião. Também a nível financeiro, Lisboa foi em tempos uma das maiores cidades do mundo.

 

7. Elevador de Santa Justa

            Subindo, agora, umas ruas em direção à Praça Dom Pedro IV, vem o elevador de Santa Justa. Situado no centro da cidade de Lisboa, liga a rua do Ouro e a rua do Carmo ao largo do Carmo e revela-se um dos monumentos mais interessantes da Baixa de Lisboa.

 

8. Museu Arqueológico do Carmo

            Avançando no meu percurso, destaca-se o Museu Arqueológico do Carmo. Localizado nas ruínas do convento do Carmo, este museu é o reflexo da queda do país após o terramoto de 1755. Assim como o convento ficou em ruínas, também Portugal ficou degradado.

 

9. Igreja de São Roque

            Continuando, vem o segundo e último ponto religioso do trajeto - a Igreja de São Roque. É uma igreja católica em Lisboa, dedicada a São Roque e mandada edificar no final do século XVI. É também uma das primeiras igrejas jesuítas em todo o mundo.

 

10. Praça Luís de Camões

            Já cada vez mais perto do destino, surge a Praça Luís de Camões. Inserida no Chiado, esta praça presta, evidentemente, homenagem a Luís Vaz de Camões. Este ponto desempenha um importante papel no meu percurso uma vez que Camões acompanhou e relatou melhor que ninguém o sucesso e a glória de Portugal na era dos descobrimentos. E ao homenagear este escritor, homenageia-se a sua obra.

 

11. Teatro São Luiz

            De seguida, está o Teatro São Luiz. Inaugurado em 22 de maio de 1894 foi inicialmente nomeado Teatro Dona Amélia, em homenagem à época rainha de Portugal.

 

12. Café A brasileira - Estátua Fernando Pessoa

            Prosseguindo, chega-se à estátua de Fernando Pessoa pertencente ao café A brasileira. Este poeta, aqui destacado, foi assim como Camões uma importante figura a exaltar os feitos portugueses. Questionando-se nas suas obras, acerca do desperecimento do grande Portugal.

 

13. Livraria Bertrand

            Já perto do fim, temos a livraria Bertrand, que nos permite explorar o passado. Com centenas de livros por onde escolher esta livraria traz-nos de volta aos tempos onde Portugal foi um grandioso império.

 

14. Faculdade de Belas Artes

            Assim, chegando à faculdade de Belas Artes conclui-se todo o percurso.

 

 

            No fim do percurso aqui estabelecido, é impossível não ver Lisboa através de uma nova perspetiva.  Passando pelos diferentes pontos é interessante o facto de todos se unirem, levando-nos numa viagem. Viagem essa que nos faz acordar e pensar sobre a situação em que nos encontramos - a decadência de um país, em tempos tão glorioso. Descontentes e adormecidos não vamos longe, mas se abrirmos os olhos e ouvirmos o que Lisboa tem para nos contar não ficamos indiferentes.