Porquê andar de metro, para chegar a algum sítio ou pela viagem? E a viagem, não pode ela ser o destino?
A minha deriva passou por voltar às origens do metro, embarquei com uma estação escolhida ao acaso no momento, e registei num caderno, através de esboços rápidos sem precisão, as pessoas que encontrei. Esbocei Lisboa, no subterrâneo.
Parti do Marquês de Pombal e dirigi-me para a Baixa-Chiado. Lá, retirei o papel que dizia "Saldanha" e dirigi-me para a estação. Em Saldanha retirei o papel de "Picoas", e em Picoas o de "Campo Pequeno". Do Campo Pequeno fui a "Moscavide", e de Moscavide voltei para o "Saldanha", para casa.
Durante o caminho fui abordada com olhares estranhos dos transeuntes, curiosos com o que estava a desenhar. Sabiam que estavam a ser observados, estudados, desenhados. Alguns permaneciam quietos, esperando um resultado favorável, outros pareciam incomodados, mas todos tinham algo em comum, o destino deles não era o metro. Não foram 14 estações por assim dizer, mas foram 16 desenhos, 16 momentos capturados que de outra forma desapareceriam.